20/04/2011

Longe das cinzas, perto do fogo...

Que vergonha de não te expor todo dia tudo aquilo que está coberto entre carne, ossos, veias, órgãos..que feio não dizer-te a beleza incomparável  que está nas linhas e entrelinhas do meu sentimento. Olho no fundo dos teus olhos e me vejo tão submissa aos teus encantos. Vejo a doçura com que tua boca se move me falando besteiras e carinhos...a raiva com que ela se movimenta quando faço algo fora do seu agrado, me dando surras de palavras... e a agressividade implorando por um beijo...cada simples movimento do teu rosto me surpreende, me hipnotiza...tua pele fervendo de tanta vontade de encostar na minha, que está congelada decorrente ao nervosismo...clamando por derretimento. Te vejo encaixado à mim, que até mesmo meu próprio corpo não conseguira tamanha exatidão. O mundo conspira, o mundo grita, o mundo ouve nossos suspiros, e sente que como a digital de cada um, somos únicos na vida um do outro, não há como falsificar, não há como existir outro de você, nem outra de mim...não há espaço para mais ninguém...tenho certeza disso, até quando vida não mais existir...seria ainda pouco? Sim, seria! Te recriaria outras tantas vezes só pra admirar cada gesto seu, mesmo que de longe. Faria questão de rever repetitivamente, porque sou viciada em suas cenas...nas suas atuações. Seria preciso mais de uma vida pra apagar essa chama ...onde o fogo parece ser infinito...onde não existe previsão para término...onde as cinzas estão longe. 


(Amanda Barbosa)
Escrever...é despejar tudo aquilo que não basta ser sentido.



"Pra que sofrer se nada é pra sempre?
Pra que correr, se nunca me vejo de frente
Parei de pensar e comecei a sentir  
Nada como um dia após dia
Uma noite, um mês
Os velhos olhos vermelhos voltaram de vez..."

Sua verdade

Meus jeitos e trejeitos não te dizem o que eu sou...gostos, desgostos, realismo e futilidade muito menos...não sei  como me denomino, nem te dou esse direito...porque sei que posso ser do tudo ao nada em questão de segundos..como você, como nós. De bandida cruel e impiedosa à uma palhaça que te arranca sorrisos. Posso ser o que me der vontade e por desejos de contentamento, faço até loucuras, sem temer um futuro triste ou feliz. Dependo unicamente das minhas escolhas, dos erros que por inocência ou por total malícia cometi, e também dos meu inúmeros acertos..que pretendo os tornar mais perfeitos...sabe por que? Porque sou dona da minha vida, e cada segundo dela me vale muito, me cobram muito, esperam muito...eu quero mais de mim, mesmo que forçadamente e mesmo no não querer. Amo e odeio o tempo todo, e sentir isso, me faz bem...porque só aceito um amor completo e sem vestígios de dúvidas por mim mesma! Protejo quem não tem defesa..porque sou forte como uma tsunami, e arrasto tudo que há de ruim, mas também por exagero acabo matando quem deveria permanecer vivo..ah, “tô nem ai”. Sou intensa, destemida, corajosa, completamente egocêntrica, individualista, não penso em você, não quero você tanto quanto acha... sou o pico mais alto de uma montanha, onde te vejo tentando subir feito um louco e arriscando tudo só pra me ter...e sabe o que eu faço? acho graça! Sou tudo isso e também inteiramente mentirosa...do pior tipo que se possa existir...aquele que não engana ninguém, não sabe mentir pra ninguém, e mesmo assim consegue insistir em continuar, só mente pra si e prefere assim... porque sabe que a verdade é dolorosa, e dói menos...bem menos mentir. Sou frágil, medrosa, vulnerável ao toque dos seus lábios, delicada, e amo, amo com tanta verdade...que esqueço muitas vezes de mim mesma e deixo de me amar por amar mais você. Prefiro mentir,  mesmo escrito em meu rosto seu nome, prefiro sumir...ao ter que te ver sempre com brilho nos olhos, prefiro não ser..porque sendo, eu serei sua...e isso não respeita a minha mentira, não respeita a minha superioridade.  Mas a verdade, a única verdade, só você sabe, só você tem..e te peço, não conta pra ninguém! 


(Amanda Barbosa)

19/04/2011

Inclemente jogador

Destemida foi a nossa relação, um jogo de verdades e mentiras, de erros e acertos, de dúvidas e medos, de prisão e liberdade, e hoje a escolha entre a aceitação ou a saudade. Criei algo novo dentro de mim, que até mesmo seria necessário um novo dicionário diante da fuga das minhas palavras e expressões..veja, eu estou perdida, talvez seria isso que teu coração esperava, talvez seria esse o teu verdadeiro propósito...manifestar sensações inéditas e obscuras, no coração ingênuo de uma moça que nunca tinha ouvido falar em amor. Fizestes jus à tal jogo, e brincastes profundamente com o mais profundo intimo de uma mulher, de uma menina...não nego,  arrancastes sorrisos sinceros, alegrias jamais sentidas antes, brilho nos olhos, mãos pingando de suor, boca seca e coração acelerado.. eu realmente esperava isso outras milhares de vezes, eu me encontrei viciada em você, como um bêbado se lastimando pela última gota de álcool, como um drogado sabendo que seu destino é uma overdose e mesmo assim continua se aventurando com mais um trago...e então me vi sendo passada de um lado para o outro, como uma de suas cartas de baralho...suas cartas, onde as regras eram suas, onde o domínio já era teu, unicamente teu. Amolecida em tuas mãos, me tornei frágil, diferente de tantas outras vezes que neguei minha boca e meus toques..foi ai que então por desatenção, covardia ou até mesmo burrice,  que rasgaste um pedaço da sua carta final, uma carta de copas...ou claramente o meu coração. Destino certeiro ou algo que com um durex  resolvesse? Não tinha dúvidas, que seria esse o ponto em que você deveria trocar de baralho, “malandriar” com outros jogadores, viciar outras tantas, rasgar uma qualquer carta por ai...desde que essa carta não fosse eu. Não sou carta, nem tão pouco aquela que por uma olhada daria um tiro em si própria, não sou, não serei mais, nunca mais. E respondendo entre o destino e a quebra-galho (durex), o que eu tenho ainda pra dizer é que...esse foi o meu destino, passar por tudo que eu passei,  olhar pra você e sentir que tudo valeu a pena, que nada foi em vão, mas que minha missão é outra, bem distante de você... e ah, usei o durex, ou melhor...usei cola e colei sua rasgadura, onde se ainda existir chance de acabar com tal efeito, não existirá problema, pois ainda sim tenho um estoque inteiro delas.  Desculpe-me inclemente jogador, mas perdestes e saudade das suas jogadas fatais, não mais me alimenta...eu quero além, bem mais do que eu posso ir. Não é desistência, é recomeço!








(Amanda Barbosa)

A sina



Em quantas aventuras me meti, sem prever que elas poderiam se tornar necessidade, ansiedade e espera contínua no meu viver. Joguei-me de cabeça, membros e o todo, por achar, por esperar, por sentir...e me vi aqui, num labirinto de medos, sem saber ao certo se amanhã vai ser a mesma coisa, ou simplesmente por amnésia,  seu nome e seus jeitos eu não mais lembrar. Impossível me fazer distante do que eu quero o tempo todo junto à mim...eu quero, não quero, talvez não queira, talvez sim...repare como estou. Foi aqui, mundo de poucos centímetros, confuso e indeciso que percebi que tinha perdido o total controle dos meus atos, escolhas e dizeres. Não sou mais a mesma...tranquila e satisfeita com a rotina, com as certezas certas.. sou uma louca, louca de vontade...vontade de sentir esse gosto perigoso todo santo dia, delicioso como o melhor doce e assassino como o mais forte veneno.  Há quem diga que é incorreto, eu mesma já tentei acabar com isso, mas diferente do que eu pensei um dia, o correto ainda não resolveu me aparecer. Vejo então que essa é minha sina, até quando deixar de ser...


texto de minha autoria